Numa altura, em que os valores estão cada vez mais invertidos, encontra-se também o próprio núcleo familiar, em vias de extinção, já que outras prioridades se sobrepõem e já ninguém tem tempo ou paciência para estar com aqueles que (ou que mais deveria) ama.
Não posso, deixar passar este dia, sem fazer o meu próprio tributo à minha família. Não somos perfeitos, cada um com o seu feitio, cada um com os seus argumentos, discutimos, choramos e fazemos imensas birras, mas a união faz a força e com todos a remar para o mesmo lado, conseguimos alcançar o bom porto.
O que para mim são os rituais normais de uma família, já que é esta a realidade que SEMPRE vivi, tem se mostrado cada vez mais um oásis. A hora da refeição, não é só um momento em que seres institivamente se alimentam, levantam os rabos da cadeira e saem; cá em casa, é a hora em que seres humanos, falam do seu dia, conversam sobre temas variados, veêm a novela (sim, é verdade vemos novelas), debatem os problemas de forma nua e crua, sem coxixos pela casa, porque estes também são assuntos de crianças, adolescentes e recém-adultos (é inevitável, o que afeta um, afeta todos), fala-se de como as crianças são feitas (de forma mais ou menos prevertida), trocam-se risos, sorrisos e lágrimas.
Há torneios de matraquilhos, sueca e monopoly, há quem pergunte a matéria, para que se tenha a certeza que ficou tudo na ponta da língua, há discussões em que se dizem "nãos" que cá fora, no mundo de aparências, jamais saem da boca para fora, mas estes obrigam-nos a rever a vida e a melhorá-la.
O que sou a eles o devo, porque me obrigam a avançar, apoiam-me e tiram-me o tapete, quando este é feito do pior material ou já tem demasiado pó, para que possa ser renovado.
Obrigada família, por serem anormalmente unida e (me fazerem) imperfeitamente feliz.