quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Hoje andava a comprar algum material escolar pelo Jumbo e já estava cansada de ver cadernos A4 rosa a combinarem com um estojo verde e canetas de todos os tipos e feitios, de todas as cores possíveis e imaginárias que alternavam com borrachas e afias e trinta mil coisas que tentava perceber a utilidade.
Já tinha perdido o interesse em estar naquela secção onde nunca mais acabava de ver as novidades e muitas futilidades quando me fui entreter à procura de um livro de Carlos Ruíz Záfon. Ainda só tinha tido nas mãos o livro em Inglês o que me tinha deixado o cérebro com um grande nó e bem cansado. Procurei, procurei, até que um título me saltou à vista: Em Troca de um Coração, Jodi Picoult. E foi a Ritinha que me incentivou a começar de ler Jodi Picoult. Aqueles livros deixam.me com os olhos em bico. Com os olhos em bico, os olhos inchados e o coração espalmado.

« Shay foi condenado à morte por matar a pequena Elizabeth Nealon e o padrasto. Onze anos mais tarde, a irmã de Elizabeth, Claire, precisa de um transplante de coração e Shay, que vai ser executado, oferece-se como dador. Este último desejo do condenado complica o plano de execução, pois uma injecção letal inutilizaria o órgão. » Despertou.me a curiosidade.

Despertou.me a curiosidade e trouxe.me memórias. Memórias e saudade.
Era o nosso décimo ano. A entrada para o Liceu de Viseu trouxe uma turma com algumas caras novas, inicio do ano lectivo, escola nova, gente nova.. Lembro.me que naquele ano não eramos muitos. A turma era pequena comparada com o que estavamos habituados. Era pequena, mas era mais unida. Haviam mais laços e sobretudo, laços mais fortes! E havia Ela.. Cheia de vida. Cheia de força. Cheia de esperança. Alegria e vontade de viver. Sorria tanto.. Ainda me lembro do sorriso dela.. O ano foi passando e as coisas foram mudando. A união permanecia acima de tudo, fortalecendo cada um de nós. Mas, apesar de as nossas mãos continuarem dadas e os sorrisos permanecerem cumplices, havia pequenos pedaços que se iam fragilizando. Muitas vezes, sem nos apercebermos. E quando reparavamos, nada podiamos fazer para reverter o que quer que fosse. Era mais forte do que nós e estava acima de nós. Daquilo que queriamos, daquilo que esperavamos e do que nos fazia felizes. Hoje, acho que naqueles dias de Maio, nunca pensei que as coisas pudessem acabar daquela forma. Nunca imaginei aquele final. Esperamos sempre, ou quase sempre, o Melhor.

Era 3 de Junho.. Era uma perda.. Muito mais que uma perda física, era a perda de um pedaço de nós. 'Ela não quer que estejam assim (...) Ela vai estar a cuidar de vós (...)' e é certo que não queriamos estar assim já que queriamos que ela cuidasse de nós ali, ao nosso lado! Recordo aquele dia. Relembro todos aqueles rostos. Já não havia palavras de conforto para ninguém dizer a ninguém, já nada era suficiente, já tudo era falta e uma falta que nenhuma palavra acalmava. Olhavamos para o lado e parecia tudo inútil e até nós nos sentiamos inúteis.

Não sabiamos lidar com aquilo. O que dizer? O que fazer?

Caimos nos braços uns dos outros, apertámos com força e tentámos guardá.la para nós.

(Não apenas naquele dia.. Mas para SEMPRE..)

Sempre, A Nossa Catarina.. (L'

Que tenha sido também uma grande lição. Vivemos preocupados com as cores, as combinações, as banalidades, as birras, as intrigas, as discussões sem fundamento.
Perdemos horas com o que não nos traz minutos de felicidade.
 Enquanto uns se querem agarrar à vida e não têm unhas que a prendam, outros têm mãos abertas que a deixam ir.

.. E deixamos tudo para depois. E quando damos conta, o amanhã é apenas o amanhã.

Conjugamos verbos no futuro e esquecemo.nos de agir no presente.

Agora, resta.nos olhar para o céu e piscar o olho. À nossa estrelinha. Sempre, Aqui <3


« Now as you close your eyes know i'll be thinking about you »

Bed Of Roses, Bon Jovi '
(Estranhamente, passou na rádio enquanto escrevia)

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