sexta-feira, 5 de novembro de 2010

' conquista do sonho,




Havia uma caixinha num daqueles bancos do jardim. Era uma caixinha misteriosa, estranha... mas de certa forma tão cuidada, tão tentadora ao abrir. Pessoas passavam por ela e simplesmente ignoravam-na… ou diziam que o seu conteúdo podia ser arriscado. Ninguém lhe tocava, ninguém a via para lá de uma caixa suspeita. Ela, dia após dia sentia necessidade de se sentar no banco do lado oposto, para observá-la…admirar aquela raridade. Porém, tinha receio que essa caixinha, perniciosa, como tantos outros diziam, pudesse de alguma forma trazer maldade. A vontade de a abrir, de conhecer o seu interior era inexplicável. Havia qualquer coisa à sua volta que só ela conseguia visualizar. O olhar para ela, inata e imóvel trazia uma tranquilidade incompreensível. O voltar lá e apreciar fez parte do seu quotidiano. Sentia que era mais do que uma caixa insignificante.
Preenchia o seu dia com o pensamento de que aquela caixa era diferente, como uma essência, algo importante para si e isso fez-lhe ficar presa a ela, embora não lhe tocasse e a acolhesse consigo.
Lutou sempre, nunca desistiu da caixinha. E decidiu, no ansiado dia, conhece-la. Encheu-se de confiança e foi até ao banco onde estava a caixinha. Levou-a consigo até sua casa e abriu-a. Lá dentro estavam todos os seus sonhos e desejos que ela ambicionava. Escritos numa folha de papel.
Era como se fosse o primeiro dia, o primeiro dia em que descobrimos algo essencial para continuar connosco até ao resto da nossa caminhada. Fazia-a tão feliz… era como se sempre lhe pertencesse. Como se sempre estivesse destinada a si.
Mas a caixinha trazia mais segredos. Cada vez que a abria um dos sonhos esgotar-se-ia. Fugiria como um pássaro ao se abrir a gaiola. O segredo estava em admirá-la mas sem se tornar monotonia abri-la. Só em último recurso… Quando ela precisasse mesmo.
Um dia, chegou a casa e a sua caixinha estava quebrada num dos lados. Já não existiam sonhos escritos. Tinham-lhe todos escapado devido ao torturo.
Ela não se conformou…para ela já nada fazia sentido sem o seu talismã. Custou… Custou ver que tudo aquilo se foi; que o que construiu para melhorar os seus dias, escapara-lhe das mãos como água; custou a saudade que aquela caixinha deixou.
Com o passar dos dias, um atrás do outro, a imagem da desfiguração do sonho começou a diluir e, ela aprendeu a juntar todos os pedacinhos encontrando assim terreno fértil, no passado, permitindo-lhe apenas ficar presa às boas recordações que a caixinha deixou… e, quando isso acontece, tudo o resto se encaminha. Sem pressa, sem pressões porque o que é nosso, guardado está.


Vão haver dias em que as manhã serão mais geladas do que o habitual em quais as lágrimas se poderão soltar por incapacidade de resistência. Mas lembra-te que terás sempre alguém contigo, algo que é mesmo como uma essência que guardaste no fundo da tua caixinha…
E tudo o resto, que não se integra no nosso sonho, o que faz estragar a vontade de correr atrás dele, são detalhes que não têm qualquer valor ou sentido.
                                                                                                                       
«F… F, de FICA»
                      (pequenina * <3 )
Daniela'S.

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