« Quando eu era pequena, diziam-me que o esforço compensava, que o trabalho dava bons resultados, que por praticar o bem recebíamos em dobro, que o bom acaba sempre por ganhar ao mau, que a mentira tinha perna curta e que a verdade viria ao de cima.
Quando eu era pequena os comportamentos menos próprios por parte de quem nos rodeava, como a inveja, o mal dizer, o gozo continuado e diário na nossa cara e nas nossas costas, a discriminação, o favoritismo por causas fúteis, o isolamento por incompreensão, a exclusão dos diferentes, a perseguição pela divergência e a controvérsia pelas aparências eram características da infantilidade e da simples imaturidade que desapareceriam com a chegada da tão esperada maturidade.
Quando eu era pequena acreditava, olhava para a vida dos crescidos com optimismo, pensava que quando lá chegasse tudo seria justo, correcto, integrado, respeitoso, democrático, íntegro, adequado, fundamentado, ajustado, lógico e completo.
Quando eu era pequena esperava ansiosamente, enquanto cumpria com tudo o que me tinha sido ensinado, por tempos melhores, por tempos de maturidade de pensamentos e atitudes, esperava encontrar o mundo dos bem resolvidos, dos sabedores e dos já vividos, aspirava pelo fim do mal estar na imaturidade.
Cheguei ao mundo dos crescidos e vi que nada era como esperava, mas que por ter sempre acreditado ainda hoje a minha imaturidade intrínseca em mim me faz ainda acreditar… »
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