Lembro-me de há umas semanas atrás me sentar aqui para falar
daquilo que satisfaz as nossas gerações. Das noitadas, dos copos, das
bebedeiras, da fugacidade com que se vive o dia-a-dia. Hoje, acordei assustada
com a fugacidade com que também se vivem as relações.
Cada vez mais há a necessidade de estar com alguém, mesmo
sem se gostar de alguém. Há a necessidade de um outro corpo, de uma outra
presença, mesmo sendo ela alheia ao nosso coração. Há a necessidade do toque,
de umas horas bem passadas, de uma noite bem animada e de um amanhecer envolto
num ‘até já’ que tanto representa um ‘até depois’, depois esse incerto, como um
‘até nunca’. É bom enquanto dura, dizem os experientes. Mas, mal chega a durar,
digo eu. Porque é tudo tão rápido, tão daquele momento, que não se pode sequer
considerar uma relação, com um princípio e um fim. É assustador como cada vez
mais se prefere o toque, os amassos e as cambalhotas aos abraços, às conversas,
às caminhadas ao ar livre, aos gelados nos dias de verão e aos jantares nas
noites de inverno. Cada vez mais se prefere fazer um filme do que assistir a um
filme. Cada vez mais se ignoram os sentimentos, se ocultam as histórias de vida
e se passa logo à acção. Cada vez menos há a capacidade de assumir um
compromisso, a vontade de sair à rua e gritar ao mundo o quanto se é feliz.. Há
sempre alguma coisa que falta. Pode haver amizade, o gostar, a saudade, a
falta, o querer tentar, o não querer desistir.. Aparentemente, podem estar
todos os ingredientes presentes na mesa mas, há sempre alguma coisa que falta.
Há prioridades mal definidas, há amores que se confundem com amizades e amores
que não sobrevivem pelas restantes amizades à volta. Mas, se não sobrevivem,
será que chegam mesmo a ser amores? Hoje, é mais importante um jantar com meia
dúzia de cervejas e uma garrafa de sangria na companhia de meia dúzia de
marmanjos do que estares lá a tentar acalmar toda a saudade que dizes sentir. E
digo “dizes” sim.. Porque, se a sentisses de verdade, não havia jantares, não
havia noitadas que te fizessem feliz, enquanto aquela falta te rói cada
milímetro bem cá dentro.
Hoje não se luta pelos amores, hoje apenas se luta pela
felicidade naquele instante. E espera-se que o tempo ou lá o que quer que seja
tragam o resto. Hoje, não entendo o que vai na cabeça de quem gosta, muito
menos o que vai no seu coração. Não importa o teu corpo e a tua presença, a tua
mão.. Importa um corpo, uma presença, uma mão..
Esses momentos sao bons para anestesiar um pouco a saudade, a falta o vazio que algo magnifico e que ja nao existe deixou, pode levar semanas, meses ou anos a passar.
ResponderEliminarMais uma vez parabens pelo post, ando cada vez mais desanimado com o que me rodeia e preocupado com o futuro, e nao e com o futuro economico ou politico, mas algo um pouco mais importante. ;(
Eu não ando preocupada mas ando intrigada contigo :/
ResponderEliminarAinda assim, obrigada :)
o que te intriga: quem possa ser? o que escrevo? porque acompanho o blog? etc...:/
ResponderEliminarso um dado intrigante, desde fevereiro de 2011 que tenho o privilegio de acompanhar o teu blog ;)
ResponderEliminarQuem possas ser, o que escreves, porque acompanhas o blog.. Acho que há aqui alguma coisa estranha!
ResponderEliminarhmm, tambem sou de Viseu, ja tive um blog, mas isso tudo pode ser intrigante, mas nao tem nada de estranho. Estranho so mesmo o facto de eu nao saber como cheguei ao teu blog, pois uma vez descoberto seria estranho nao acompanhar, nao achas? Podia elogiar muitas coisas do blog, dos textos, da tua personalidade, a forma como escreves, mas vou colocar numa palavra o porque de acompanhar o blog... porque sinto muito o que escreves nele!
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