Já aqui escrevi que invejo a minha namorada. Não por causa das pernas  dela (são bem bonitas, mas acho que as minhas também não são nada de  deitar fora), mas porque ela é capaz de não sofrer pelo futebol. Ela é  capaz de, simplesmente, “não ligar”. Eu não sou assim.Eu sofro e nunca deixo de acreditar. Por isso, tive que mandar para  um certo sítio um colega meu que me disse, meio no gozo, na última 5a  feira “Então, hoje sofres o primeiro golo aos quantos segundos?”. Não  tive filtro. Saiu-me logo um “vai para ******!”. Só depois pensei “E se  um microfone estava ligado?” Não estava. Boa. Ainda tenho emprego. Ora  bem: eu acredito sempre que o Sporting vai ganhar.
Seja em futebol, andebol, ténis de mesa, atletismo ou um velhote a  jogar dominó nas mesinhas da Alameda D. Afonso Henriques (desde que ele  seja do Sporting, claro). E tinha a certeza que era isso que ia  acontecer contra o Manchester City. Eles têm dinheiro? De facto. Mas  milhões de €€€ podem comprar jogadores, mas não compram raça, atitude,  querer, vontade. E, caramba!, se houve tudo isso naquele fim de tarde.  (Por falar nisso, senhores da UEFA, marcar um Sporting/Manchester City  para as 18h é quase tão criminoso quanto pôr o Messi a lateral-direito).  Vi uma equipa à imagem do treinador. A jogar, não de suspensórios (e um  aplauso para essa opção fashion de Sá Pinto), mas com garra. Sem medo  de nomes e com vontade de calar todos aqueles que falaram numa “possível  vergonha” que podia resultar desta eliminatória. Vergonha, meus amigos?  Não. Orgulho. Muito orgulho. E um casaco rasgado. [Aviso: não levar  casacos compridos para o futebol. Podem prender-se nas cadeiras e se,  por acaso, houver um golo do Sporting, podem rasgar. Se esse golo for de  calcanhar, então rasgam de certeza. Mas esse golo vale muito mais que  os 7,5€ que vou ter de pagar à costureira].
Adoro ver futebol. E confesso que gosto de notar nos pequenos  pormenores no futebol. E a união que vi na 5ª feira, voltei a ver no  Domingo. Mais do que os 5 golos, vi festejos no banco, uma policia que  teve medo do penalty de Marat, beijos entre jogadores e um abraço de Sá  Pinto a Jeffren capaz de pôr um calhau insensível com um sorriso. Por  motivos profissionais, não pude ir ver o jogo ao vivo. Tive pena. Mas  não sei se o meu casaco sobrevivia a 5 golos.
                                                                                                                    Vasco Palmeirim
Ás vezes dá vontade de mandar calar e dizer: Os grandes jogos, que agora temos visto, aqueles cheios de surpresas, foram protagonizados pelo Sporting e se isso não faz dele um grande clube, então peço desculpa, mas não há grandes clubes em Portugal. 
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