domingo, 28 de abril de 2013

Para além do trajecto ,

« O meu direito à indignação e à minha opinião

Para a classe de enfermagem

Vigaristas! Sim! É o que se chama a quem se augura, com total desonestidade, a afirmar que é capaz de realizar um acto para o qual não tem competência. Falo dos enfermeiros, concretamente dos "de reabilitação", que conseguiram ver aprovada uma lista de actos nos cuidados de saúde primários que alguém, só por distracção, fez publicar numa "Circular Normativa". Poderia estar a falar do "Crespim de Nagosela" ou da "sra. de corvos", apenas dois exemplos de uns vigaristas e criminosos que por aí proliferam, mas estou mesmo a falar de enfermeiros. Porque é Vigarista quem se propoe a fazer "terapia ocupacional" sem ser Terapeuta Ocupacional. Porque é Vigarista quem diz que faz "avaliação de alterações da fala e linguagem" e não é Terapeuta da Fala. Porque é Vigarista quem diz que faz "reeducação funcional (com ou sem) análise simultânea do movimento" e não tem competências para o fazer (nem a reeducação quanto mais a análise de movimento). Porque é Vigarista quem afirma que faz "cinesiterapia vertebral" sem ter formação de competências para mobilizar uma única vertebra, nem saber mobilização acessória. Porque é Vigarista quem se propoe a realizar "treino de Equilibrio e marcha" sem ter competências para saber avaliar o equilibrio, ter conhecimentos de pontos chaves de facilitação...Porque é Vigarista quem se augura de fazer "treino de coordenação motora" sem saber avaliar coordenação e sem ter os niveis de conhecimento de neurodesenvolvimento e neurologia necessários para essa tarefa. Estas últimas e muitas mais que a minha indignação vai forte...
A falta de respeito que a classe de enfermagem demonstra, desde há muito tempo, por profissionais de saúde, nomeadamente Terapeutas Ocupacionais e Terapeutas da Fala, mas principalmente Fisioterapeutas, que possuem um conhecimento especializado que não está acessivel aos enfermeiros (se o querem, vão tirar o curso de Fisioterapia!) é sinal claro da pequenez da classe de enfermagem no que diz respeito aos seus conteudos funcionais(simples e meros executores de prescrisões ou orientações, e, na maioria das vezes, de forma sofrivel), ao seu nivel de conhecimentos cientificos( é questioná-los sobre neurologia, neurodesenvolvimento, anatomia neuro-musculo-esquelética...), à sua ética profissional (colocam os seus interesses corporativos acima do bem-estar dos utentes/clientes a que prestam serviço, pois querem fazer coisas para as quais não têm competências cientificas e técnicas ou têm apenas uma pequena parte desses conhecimentos quando comparados com outras áreas da saúde como, por exemplo, as terapias) e à sua auto-imagem (devem ser tão frustados e inseguros na sua área para passar a vida quererem ser os outros profissionais de saúde).
Aliás, a falta de respeito pelas outras classes profissionais com saberes diferentes dos da classe de enfermagem já tem muito tempo, e não conheço nenhuma classe profissional que se comporte com a classe de enfermagem como a classe de enfermagem se comporta: nunca conheci um profissional de qualquer área profissional da saúde que tenha querido realizar actos da competência de enfermeiros. E isto apenas reforça a falta de respeito pelo saber dos outros, a falta de ética profissional e a pequenez da classe de enfermagem.
Podem argumentar que existem , nomeadamente, Fisioterapeutas que são incompetentes. Concordo. Mas a percentagem de Fisioterapeutas incompetentes não é maior que a de enfermeiros incompetentes, de médicos, juízes, psicólogos, e por aí fora. E não é por haver enfermeiros incompetentes que eu vou realizar um acto da sua inteira responsabilidade.
Esta classe de enfermagem, não sendo eu, como é claro, enfermeiro, faz-me vergonha de ser português, mas já me vou habituando pois não é mais que o espelho de um pais que tem, na sua grande maioria, políticos incompetentes, dirigentes institucionais incompetentes, sindicatos incompetentes que se preocupam apenas com a defesa dos seus interesses pessoais e profissionais, com a correspondente recompensa por mérito aos mais incompetentes e medíocres, não se interessando nunca pela qualidade da prestação dos serviços pois isso implicava a avaliação dos conhecimentos e da prática de quem os presta. É o país que tem uma infinidade de licenciaturas para profissionais que têm todos os seus actos definidos por normas/programas/afins ou prescritos (sim, a classe de enfermagem em oposição à classe de Fisioterapia e à sua autonomia) ficando uma definição de autonomia muita própria.
Esta falta de respeito constante leva-me a afirmar que, a partir de hoje, passo a não ter qualquer respeito pela classe de enfermagem, passando a ter por essa classe o respeito que essa classe tem pela minha.

Paulo Pereira, Fisioterapeuta »

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